O Exorcismo [ Demonologia ] - Aula 10

O Exorcismo

Chegamos ao fim das postagens referentes ao curso de demonologia, e para fechar o curso falaremos sobre o exorcismo. Se você por pura curiosidade entrou diretamente nessa postagem sem passar pelos artigos anteriores, peço encarecidamente que leia-os antes de continuar com este. Basta clicar aqui!

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A palavra “exorcismo”, em sentido estrito, é uma oração que tem por finalidade interpelar o demônio para que seja expulso de uma pessoa possessa. A palavra pode ser usada de forma ampla, v. g., no rito do Batismo, antes do qual a pessoa se encontra debaixo de certo poder do demônio, ou quando se reza, privadamente, renunciando a Satanás ou pedindo a Deus que se seja liberto do demônio. Nesta aula, porém, o termo “exorcismo” tem um significado específico. Trata-se da oração para expulsar o demônio de um possesso.

Qual a disciplina atual da Igreja em relação ao exorcismo? [1] O Código de Direito Canônico prevê que “ninguém pode legitimamente exorcizar os possessos, a não ser com licença especial e expressa do Ordinário do lugar”. E acrescenta que esta licença só pode ser concedida “a um presbítero dotado de piedade, ciência, prudência e integridade de vida” [2].

Essa disciplina da Igreja está limitada pelo território, já que tem que ver com a “licença (...) do Ordinário do lugar”. Isso significa que um exorcista só tem a permissão de realizar o seu ministério dentro dos limites territoriais da diocese na qual ele foi autorizado. Assim, diante do caso de um possível possesso, apenas duas alternativas são possíveis, disciplinarmente falando: ou simplesmente se reza por essa pessoa – sem se aventurar a “fazer um exorcismo” – ou ela é levada a uma diocese onde há um exorcista.

O presbítero que recebeu a licença de praticar o exorcismo, antes de realizar o seu ministério, deve preparar-se, sobretudo, recebendo os sacramentos da Penitência e da Eucaristia e cultivando uma vida ascética. E a virtude essencial para combater o demônio é a humildade. Ao lidar com aquele que caiu pela soberba, é preciso batalhar humildemente, com a consciência de que só Deus tem poder sobre Satanás.

Antes de partir à estrutura do exorcismo propriamente dita, é importante lembrar, mais uma vez, que não existem provas certas de uma possessão. Por isso, em sua prudência plurissecular, a Igreja exorta, tanto no Ritual mais recente, de 1999 – De Exorcismis et Supplicationibus Quibusdam –, quanto no Ritual de 1952, que não se creia com facilidade na existência de uma possessão. Em primeiro lugar, deve-se procurar razões naturais para o que está acontecendo, sem dar asas à superstição ou à credulidade fácil. O Ritual antigo, por exemplo, diz que os “sinais de possessão”, de que se falou na última aula – como falar uma língua desconhecida, revelar coisas ocultas ou distantes ou apresentar força acima de sua idade ou de sua condição natural –, “signa esse possunt – podem ser sinais”. Para identificar a possessão, mais que a quantidade de sinais, é decisiva a modalidade geral desses sintomas, que aponta para a presença de outra personalidade ativa na pessoa.

Podem ser usados, em um exorcismo, tanto o Ritual de 1952, em latim, quanto o de 1999, que conta com uma tradução em português. Os exorcistas, no entanto, encontram certa dificuldade com o Ritual mais recente, que, embora sendo eficaz, parece ter sido elaborado por pessoas sem muito conhecimento do que seja a oração de exorcismo. Tentou-se, por exemplo, transformar a proclamação do Evangelho numa leitura para todos os fiéis, como na Santa Missa, quando, no Ritual antigo, a própria leitura do Evangelho era um ato de exorcismo, a ser realizada sobre o endemoninhado. Alguns também consideram que a eficácia da oração em latim é maior, por ser uma língua sagrada, por ser especialmente odiada pelo demônio e pelo fato de o possesso não a compreender – o que serve até para atestar, por assim dizer, a existência da possessão.

No rito antigo, o exorcismo se inicia com a ladainha, tem salmos imprecatórios, o Evangelho, que é lido sobre o possesso, a imposição da estola e do crucifixo sobre a pessoa e, por fim, o exorcismo propriamente dito, com imprecações diretas ao demônio.

Também é possível que se fale de uma “terapia preventiva” da possessão. Trata-se de certos hábitos que nos protegem do eventual perigo de uma possessão diabólica. São eles a confissão sacramental, a Sagrada Comunhão, o sinal da cruz, a invocação do nome de Jesus, o uso de objetos bentos, relíquias e imagens e a devoção a São Miguel Arcanjo, manifesta especialmente na oração que o Papa Leão XIII escreveu, a próprio punho, em honra ao príncipe da milícia celeste:

São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate. Sede nosso refúgio contra a maldade e as ciladas do demônio. Ordene-lhe Deus, instantemente o pedimos; e vós, príncipe da milícia celeste, pela virtude divina, precipitai no inferno a Satanás e a todos os espíritos malignos que andam pelo mundo para perder as almas. Amém.

Amados, as postagems sobre esse tema ficam por aqui. Que Jesus seja louvado e o inimigo esmagado. Que toda contaminação causada por esses artigos na minha e na sua vida sejam dispersas em nome do Senhor Jesus. A paz de Cristo.


Ps: Não esqueçam de vizitar o curso do padre Paulo Ricardo. Foi de la onde peguei todo o conteudo desses artigos. Abraços.

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Referências
  1. No livro “O Diabo: ...Vivo e Atuante no Mundo” (Mir, 2004), o pe. Corrado Balducci conta a história do exorcismo, desde o século VI, quando da criação do ministério dos exorcistas, passando pelo Concílio de Trento, que limitou essa oração para os sacerdotes, até a disciplina atual da Igreja.
  2. Código de Direito Canônico, cânon 1172

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